
Dra. Sandra Perez Cendon, radiologista pelo Hospital do Servidor Público Estadual Francisco Morato de Oliveira (Iamspe) e pós-graduada em Diagnóstico por Imagem Abdominal pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde - Albert Einstein
Radiologia é uma residência de acesso direto e que dura 3 anos. Atualmente são oferecidas 16 vagas para residência médica em Radiologia na Bahia. As áreas de atuação para o radiologista são muitas: neurorradiologia, radiologia intervencionista, medicina interna, músculoesquelético, radiologia pediátrica entre outras.
Para saber mais sobre a residência em Radiologia, entrevistamos a Dra. Sandra Perez Cendon, radiologista pelo Hospital do Servidor Público Estadual Francisco Morato de Oliveira – Iamspe e pós-graduada em Diagnóstico por Imagem Abdominal pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde - Albert Einstein. Confira:
QUAL O PERFIL DO CANDIDATO?
"O radiologista tem que saber clínica, porque acaba vendo várias áreas da Medicina. No futuro você acaba se especializando um pouco em uma área ou outra, mas de maneira geral, a gente acaba lidando com um universo de doenças, desde as neurológicas, abdominais, ginecológicas, etc. Eu acho que o bom radiologista tem que saber um pouco de tudo da Medicina".
COMO MONTAR O CURRÍCULO?
"Não existe um currículo específico. O ideal é que o currículo tenha pesquisa, atividades extracurriculares".
FICAR OU NÃO EM SALVADOR?
"Olha, na época em que eu escolhi fazer Radiologia - e eu continuo com o mesmo pensamento - eu fui direto para São Paulo e nem tentei aqui. Eu acho que uma experiência em São Paulo, seja nos 3 primeiros anos de Radiologia ou no quarto ano, é importantíssimo. Eu acho que a Medicina lá tem outro patamar. O pessoal em São Paulo é muito mais especialista, o que te fornece uma visão muito boa. Além disso, é uma experiência de vida fenomenal. Eu recomendo que faça residência em São Paulo. Existem excelentes profissionais que fizeram residência aqui e estão no mercado, mas acho que é uma experiência de vida e profissional ir para São Paulo. Em Salvador, os melhores programas de residência estão no Hospital Irmã Dulce, no HUPES, no Hospital São Rafael e no Hospital Roberto Santos. Todos são bons serviços e formam bons profissionais".
QUAL A ROTINA DO RESIDENTE?
"Depende do hospital. No HUPES estamos nos preparando para que os residentes rodem em todos os métodos de imagem desde o R1. Geralmente, no R1, os residentes rodam em radiologia convencional; aprendem sobre exames contrastados, ainda muito importantes em pediatria; rodam em tomografia; rodam em ultrassom; e rodam em mamografia. A ressonância magnética começou a funcionar recentemente, então os R2 e R3 já estão neste rodízio. Os residentes do segundo ano ficam mais tempo na tomografia e na ressonância, e menos tempo na ultrassom, não rodando mais na radiografia. Já o R4 fica basicamente na Tomografia e na Ressonância. Como o Hospital das Clínicas não tem alguns serviços, os residentes rodam em outras instituições também para poder ter contato com outras áreas: no HGE, para ver casos de urgência e emergência; na Climério, para ver casos de Ginecologia e Obstetrícia; e para o Hospital Ana Nery para poder ver doppler vascular".
FAZER OU NÃO SUBESPECIALIZAÇÃO?
"Quando você termina os 3 anos, é um generalista. Depois do R4 pode focar em alguma especialidade. Aí pode ser um neurorradiologista, pode fazer radiologia intervencionista, Medicina Interna (que engloba a parte de abdome apenas e às vezes abdômen e tórax)... Pode fazer subespecialização em radiologia torácica, principalmente tomografia, e tem radiologia pediátrica, também. Outra especialidade também é a de musculoesquelético, na qual o pessoal geralmente sai um pouco da tomografia e do ultrassom e faz só Ressonância. Esses são os básicos das subespecialidades da Radiologia, os grupos mais importantes: neurorradiologia, radiologia intervencionista, medicina interna, músculo esquelético e radiologia pediátrica".
COMO É O COMEÇO DA CARREIRA?
"Depois da residência, hoje em dia, a porta de entrada é o ultrassom, que é onde tem mais demanda de vagas de emprego, ou plantões. É difícil você entrar no serviço de cara para ficar dando laudo de tomografia ou de ressonância.
Quando eu entrei no mercado de trabalho, ele era muito promissor, há 25 anos. Era um mercado crescente, as ressonâncias começavam a surgir na cidade. Agora, existem muitos serviços que se concentram na mão de grandes grupos médicos e o trabalho do radiologista passou a ser por produção, e o valor da produção de cada exame foi ficando cada vez menor - ou seja, trabalhar mais, com metas para cumprir. Isso aumenta o risco de errar, porque é preciso entregar de 15 a 20 laudos por dia. Essa lógica é ruim para a Medicina e, na verdade, ultrapassa a Radiologia, alcança a Medicina como um todo.
Outra possibilidade é integrar um hospital escola, pois lá é possível ver casos interessantes, mas até lá já começa uma pressão por produção. Mas a Radiologia ainda é uma área boa para trabalhar. Sobre remuneração, apesar de tudo o radiologista ainda é bem remunerado, apesar da pressão de produção ainda é possível receber uma remuneração interessante".