
Dra. Margarida Célia Lima Costa Neves, médica pela FMB-UFBA, com mestrado e doutorado em Medicina e Saúde, ambos pela UFBA. Atualmente é colaboradora e conselheira por eleição do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia e professora associada da UFBA. Atua principalmente nos seguintes temas: doença pulmonar obstrutiva crônica, asma, reabilitação pulmonar e câncer de pulmão.
Pneumologia é uma residência que dura 2 anos e tem como pré-requisito 2 anos anteriores de Clínica Médica. Atualmente são oferecidas 4 vagas para residência médica em Pneumologia na Bahia. As áreas de atuação para o pneumologista são muitas: pneumologia pediátrica, broncoscopia, polissonografia, alergia e alergologia.
Para saber mais sobre a residência em Pneumologia, entrevistamos a Dra. Margarida Célia Lima Costa Neves, médica pneumologista e professora do curso de medicina da Universidade Federal da Bahia. Confira:
COMO FOI SUA ESCOLHA?
“No final da minha graduação eu fiquei em dúvida entre Pneumologia e Nefrologia porque eram duas especialidades bem desenvolvidas aqui no HUPES, e acabei escolhendo pneumologia e gostando muito da especialidade. A residência na época era diferente, era de acesso direto com um ano de clínica médica e dois anos da especialidade em si. Hoje você faz dois anos de clínica médica e depois tem que fazer outra prova para a especialidade.”
COMO MONTAR O CURRÍCULO?
“Importante direcionar suas atividades para a sua área, como o TCC para Pneumologia. Não só para a residência, mas se você quiser seguir a carreira fazendo Mestrado e Doutorado, uma publicação ajuda bastante!”
FICAR OU NÃO EM SALVADOR?
“Sair da sua cidade para conhecer outro lugar é muito bom, morar sozinho e se virar é muito importante para crescer, mas em termo de aprendizado não há muita diferença. A Pneumologia é muito ambulatorial. Aqui temos os ambulatórios e enfermarias. Não temos os leitos próprios da especialidade, mas temos as interconsultas que acompanhamos junto à Clínica Médica. Hoje temos 4 residentes no hospital que realmente fazem toda a diferença, vestem muito a camisa da especialidade, gostam do que estão fazendo e isso agrega muito à especialidade. A desvantagem de se fazer a residência fora é que você fica fora também do mercado de trabalho. Na residência temos número de pacientes adequado, ambulatórios específicos, como de doenças intersticiais, hipertensão pulmonar, DPOC, asma grave, bronquiectasia, sono geral, imunodeficiência e pré-operatório. Isso tudo aqui no Hospital. Fora do HUPES, temos também Tuberculose, Tuberculose Multirresistente e a parte neuromuscular de sono no Hospital Octavio Mangabeira. Temos diversas pesquisas em andamento além de sessões semanais de clínica e hipertensão pulmonar. Então sim, temos estruturas equivalentes, não faz diferença se o residente for bom. Eu passei em São Paulo e escolhi fazer aqui mesmo, mas também tive a experiência de fazer três meses no Rio Grande do Sul na UTI de Pneumo e com a Pneumopediatra durante a residência.”
QUAL A ROTINA DO RESIDENTE?
“Eles ficam todos os dias da semana em ambulatório ou enfermaria, no turno matutino e vespertino durante a semana, e como não tem internamento só fica sob aviso nos finais de semana. O R2 fica mais direcionado para punção e biópsia de pleura, broncoscopia, pletismografia e também ficam na supervisão dos outros. Tem ainda as opcionais que fazem que são ambulatório específicos, como o de imunodeficiências, pediatria, tuberculose multirresistente, do sono com doenças neuromusculares que também é possível de se fazer no R2. O ambulatório de sono geral, tuberculose sem complicações, pode ser feito no R1.”
QUAL DOS ANOS CONSIDERA MAIS DESAFIADOR E INTERESSANTE?
“R1, sem sombra de dúvidas. Tudo para o médico é muito novo. A broncoscopia, a pletismografia, tudo é novo. Além dos exames, as doenças também são novas e tem muita coisa. As doenças intersticiais são um exemplo, que são difíceis até para pneumologistas já formados.”
FAZER OU NÃO SUBESPECIALIZAÇÃO?
“Não acho que seja necessário. Se o médico quiser fazer, por exemplo, um ano de broncoscopia, medicina do sono, pode ser uma possibilidade a mais, mas tem mercado sim para o pneumologista.”
COMO É O COMEÇO DA CARREIRA?
“Habitualmente, o médico que sai da residência de pneumologia tem trabalhado na sua área de especialização. Muitos vão trabalhar em hospital no serviço de pneumologia. Uma outra parte vai para consultório, onde realiza espirometria, por exemplo. Quanto ao retorno salarial, nesse início, é preciso trabalhar mais. Porém, ganha-se bem. No início trabalha em hospital e depois vai para consultório, de maneira geral. Muita gente vai para o interior e compra um aparelho para realizar espirometria, o que é uma ótima oportunidade já que nesses locais não tem muitos médicos especialistas.”
QUAIS AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ESPECIALIDADE?
“As vantagens quanto à residência é que tem muitos campos de prática, muitos pacientes. Hoje tem preceptoria o tempo todo. A Pneumologia há cerca de oito anos estava sendo menos procurada, mas as coisas foram mudando mesmo antes da Pandemia do COVID-19. Ela é uma especialidade atrativa por ser ambulatorial, o que implica numa qualidade de vida melhor. Depois que você se forma, claro, dá plantão por alguns anos, mas depois acaba indo mais para o contexto ambulatorial mesmo. As doenças respiratórias são causa de grande procura aos setores de emergência. A DPOC é a terceira causa de morte no mundo, ainda existe a pneumonia e diversas outras doenças que acometem muitas pessoas. Há uma disputa com a Infectologia em relação às doenças infecciosas do trato respiratório, mas a maioria das doenças são tratadas pela Pneumologia. As desvantagens são as da própria medicina. Dificuldade com os planos de saúde, por exemplo, que não pagam bem.”
DICAS PARA ESTUDANTES?
“A primeira coisa é gostar do que vai fazer. É importante conhecer a rotina, sobretudo conversar com um residente sobre os principais aspectos da rotina e da especialidade.”