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TUDO SOBRE: RESIDÊNCIA EM neurOLOGIA

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Por: Ricardo Peixoto e Ronney Argolo

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Dr. Jamary Oliveira Filho, supervisor da residência médica em neurologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES-UFBA), e especialista em doenças cerebrovasculares e neurointensivismo pela Universidade de Harvard. Na imagem,  Dr. Jamary durante evento de posse da 37ª cadeira da Academia de Medicina da Bahia

Neurologia é uma residência de acesso direto e que dura três anos. No primeiro ano o residente se foca em clínica médica. Nos dois anos seguintes, o foco é na neurologia mesmo. Atualmente são oferecidas 11 vagas para residência médica em neurologia na Bahia. As áreas de atuação para o neurologista são muitas: neurologia vascular, distúrbios de dor, distúrbios do sono, neurofisiologia, distúrbios do movimento, neuro-infectologia... São várias opções e existem subespecializações para quem quer se dedicar a qualquer uma delas.

Para saber mais sobre a residência em neurologia, entrevistamos o Dr. Jamary Oliveira Filho, supervisor da residência médica em neurologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES-UFBA), doutor pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em doenças cerebrovasculares e neurointensivismo pela Universidade de Harvard. Confira:

 

QUAL O PERFIL DO CANDIDATO?

“Como o acesso é direto, indico para alunos que já sabem o que querem fazer.

Para alunos que estão indefinidos, a residência de clínica médica é uma boa forma de ser exposto à realidade hospitalar. O neurologista precisa ser um bom clínico: são alguns dos profissionais mais consultados nas emergências de todo mundo”.

 

FICAR OU NÃO EM SALVADOR?

“Quando me formei, em São Paulo estava a melhor residência, mas o cenário mudou. Existe um grupo de neurologia robusto em Salvador, de profissionais formados em centros de referência e que, ao voltar para a Bahia, investiram na formação das pessoas.

Expandimos os programas de residência em Salvador, criamos dois novos e unificamos três dos quatro programas da cidade. Assim, cada hospital colabora com o que tem de melhor: neuroUTI é no hospital Roberto Santos, o de ambulatório no HUPES, de emergência no Santa Izabel... Cada um tem um ponto mais forte a oferecer.

Hoje em dia o hiato é menor. O que São Paulo ainda tem a mais é volume e subespecialidade para doenças mais raras, como neurogenética. Mas, para doença cerebrovascular, por exemplo, diria que aqui é igual ou superior a São Paulo”.

 

COMO MONTAR O CURRÍCULO?

“Os residentes do SUS-Bahia são selecionados apenas pela prova. Já as entrevistas dos programas de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro são muito curtas.

Geralmente, estão presentes os preceptores e o chefe do serviço, que perguntam sobre o que mais chama atenção no currículo. O que interessa mais são as atividades extracurriculares: ligas, monitorias, publicações, estágios...”.

 

COMO É A ROTINA DO RESIDENTE?

“Em serviço. Eu diria que, se o residente tem muito tempo, não é um programa de residência bom. Se ele passar 60 horas semanais em serviço, é um bom programa de residência. O interessante é a exposição ao máximo de casos complexos durante a residência.

O primeiro ano é de clínica médica. No segundo, já em neurologia, o residente roda principalmente nas enfermarias e faz alguns ambulatórios de áreas mais comuns como cefaleia, doença cerebrovascular, epilepsia. No terceiro ano, passam mais tempo em ambulatórios de subespecialidade: esclerose múltipla, neurogenética, neuroimagem, para ganhar experiência com doenças mais raras”.

 

QUAL O ANO MAIS DESAFIADOR?

“O primeiro ano é bem desafiador, porque a pessoa acabou de sair da faculdade e parece que virou médico de uma noite para outra. Tem a responsabilidade de cuidar do paciente, saber dose de medicação, velocidade de infusão, diluição da medicação no soro, coisas que na faculdade você não tem que saber. Por isso, ajuda muito ter preceptores bons ao lado. Mas haverá momentos em que você está sozinho e tem que tomar uma decisão. O primeiro ano é desafiador por isso.

O segundo ano parece um retorno aos primeiros anos de faculdade. É preciso voltar a aprender neuroanatomia, neurofisiologia. É o segundo ano mais difícil, porque é preciso ganhar experiência na discussão de casos clínicos em neurologia, que não é igual à discussão em clínica médica.

De longe, o terceiro ano é o mais legal: você ganhou segurança no primeiro ano, se tornou experiente na discussão no segundo ano e vai conseguir participar das visitas e discussões com um traquejo muito maior. O bom R3, quando expõe uma história, tem que ser interrompido muito pouco, porque já sabe como colher e organizar a anamnese. Como preceptor do programa, é um prazer ver esse crescimento”.

 

FAZER OU NÃO SUBESPECIALIZAÇÃO?

“Depende muito da intenção do profissional. Em uma cidade com milhões de habitantes, você está tentando se diferenciar da formação basal dos outros neurologistas. Neste caso, a subespecialização facilita a inserção no mercado de trabalho. Essa inserção não é garantida, mas a subespecialização será um motivo a mais para os próprios colegas te encaminharem pacientes daquela subespecialidade.

Para quem quer ocupar um espaço no interior, acho que é mais importante fazer uma boa residência geral, ter uma boa exposição ao que a neurologia tem a oferecer e utilizar essas ferramentas como um bom profissional.

Uma coisa importante é que, com a subespecialização, muitos profissionais acham que só vão atender pacientes de uma subespecialidade. Isso não é verdade. A maioria dos pacientes vai ser dividida de acordo com a prevalência de doenças na população: cefaleia, Parkinson, Alzheimer, epilepsia e outras”.

 

COMO É O COMEÇO DA CARREIRA?

“É uma vida predominantemente de plantão e, para nossa sorte, há bastante campo de inserção de neurologista como plantonista, tanto como em setores de emergência quanto em unidades de AVC, neuroUTI... Há campo de atuação em exames complementares como líquor, eletroneuromiografia, eletroencefalografia, há o campo de dor, que é bem amplo também.

neurologia é uma das especialidades em que o médico consegue só trabalhar na especialidade. Nem todas são assim. Cirurgião, por exemplo, frequentemente dá plantão em terapia intensiva geral quando começa a carreira; pneumologista dá muito plantão em UTI...

Mas a carga horária do neurologista continua alta mesmo depois do fim da residência. Acho que o profissional deve investir na migração gradual para o consultório, onde consegue ter uma qualidade vida melhor, a depender do número de pacientes que tenha fidelizado. No início, os pacientes são indicados por colegas de turma. Depois, por colegas de plantão. No fim, os familiares de pacientes seus estão sendo atendidos por você e a situação começa a ficar melhor para o médico, porque há um fluxo de pessoas constante.

Claro que pode funcionar ao contrário também: se você faz uma consulta ruim, ninguém mais quer ver você. Então, é sua responsabilidade gerar seu nome”.

 

DICAS PARA ESTUDANTES?

“Não deve haver pressão para se subespecializar cedo durante o curso. Valorizo tanto o currículo de uma pessoa que fez atividades variadas quanto o de uma que ficou só na área neurológica. Porque o que a gente está buscando em um programa de residência são candidatos que sabem se virar, que não aceitam somente aquilo que é dado e buscam conhecimento”.

 

COMO FOI SUA ESCOLHA?

“Demorei para escolher a residência de neurologia. Já quis ser patologista, reumatologista, cardiologista.... No final da faculdade, estagiei no Hospital Couto Maia e fiquei inclinado para infectologia, mas tive um contato maior com a neurologia e achei fascinante. Na época, as residências em Salvador não eram tão completas, e decidi fazer minha formação na USP. Hoje em dia não é mais assim”.

 

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