
Dra. Paula Alves, formada na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e Dermatologista pela Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Dermatologia é uma residência de acesso direto e que dura três anos. Atualmente são oferecidas 4 vagas para residência médica em dermatologia na Bahia. As áreas de atuação para o dermatologista são muitas: cosmiatria, tricologia, cirurgia geral...
Para saber mais sobre a residência em dermatologia, entrevistamos a Dra. Paula Alves, formada na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) e especialista pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Confira:
QUAL O PERFIL DO CANDIDATO?
“Quem se encanta por poder fazer tudo. Dermatologia não é monótono. Você tem um paciente clínico, daqui a pouco um paciente cirúrgico, pode trabalhar com cosmiatria e devolver autoestima para os pacientes...”
FICAR OU NÃO EM SALVADOR?
“Em primeiro lugar, eu acredito que a melhor residência é aquela que te acolhe, em que você está perto da família - é a minha opinião pessoal. A parte emocional tem que estar legal pra fazer um bom curso. Não existe residência perfeita, todas falham em algumas áreas. Tem serviços que são melhores na parte de clínica, outros em cirurgia, outros em cosmiatria.
Mas acredito que USP, UNICAMP e UNESP são os serviços de excelência no Brasil. Mas temos serviços muito bons como o da UFBA e UFS. Apesar das deficiências de universidades federais, os colegas e chefes ajudam a complementar o serviço: Se falta cosmiatria, eles investem em workshops, trazem o pessoal da indústria para residência e tentam agregar”.
COMO É A ROTINA DO RESIDENTE?
“Houve uma mudança na residência de dermatologia. Antes, 1 ano era clínica médica e os outros 2 anos de prática dentro da dermatologia. Recentemente houve uma mudança. Os residentes agora fazem 6 meses de clínica médica e o restante do curso seria de introdução à dermatologia. Então esse residente já começaria a ter todo o contato com dermatologia, coisa que na minha época não aconteceu. Isso, divide opiniões. Tem gente que acha que deve ser dessa forma; que a dermatologia é uma especialidade muito extensa, onde a gente tem diversas doenças, então o residente precisa desse contato mais precoce com a especialidade. E outros acreditam que essa vivência dentro da clínica médica também traz uma base muito boa para o residente, até porque dermatologia é uma especialidade clínica, né? A gente também tem que estar apta a lidar com situações de emergência.
Mas o primeiro ano, pelo que eu entendi, com as pessoas que eu conversei, é basicamente isso: uma mistura da especialidade clínica com a dermatologia. Então o residente começa acompanhando os ambulatórios, não atendendo como residente de 2º ano, mas já acompanhando, vendo os casos clínicos, tendo aulas por exemplo de dermatopatologias, como se fosse uma introdução à especialidade”.
FAZER OU NÃO SUBESPECIALIZAÇÃO?
“A subespecialização é um refinamento, algo a mais. Existem várias áreas: cosmiatria, tricologia, cirurgia geral...”
OUTROS PROFISSIONAIS DE SAÚDE OFERECEM PROCEDIMENTOS QUE ERAM EXCLUSIVOS DA DERMATOLOGIA. ISSO TORNOU A ÁREA MENOS INTERESSANTE?
“De forma alguma. Realmente nós estamos vivendo um momento delicado. Mas acredito que nada substitua a residência médica. A expertise que a gente desenvolve na vivência, durante o manejo desses pacientes, é completamente diferente. A nossa capacidade de lidar com esses pacientes, com as suas complicações, é muito maior do que a de uma pessoa que faz uma pós-graduação aos finais de semana”.
COMO É O COMEÇO DA CARREIRA?
“Dermatologista formado pode atuar na cirurgia. Na cirurgia dermatológica, com pequenos procedimentos, ou na parte de câncer de pele também. Na parte de tricologia, que cuida dos cabelos. Na dermatologia pediátrica, na clínica geral, na hansenologia... Então, um dermatologista pode atuar nas diversas áreas da dermatologia. O que não pode é se intitular especialista sem fazer a especialização.
O dermatologista consegue ter uma boa remuneração, ao ponto de não precisar dar plantão. Então, acho que é suficiente para ter uma vida confortável. Logicamente, no início é preciso trabalhar muito. Mas, por exemplo, hoje opto por não dar plantão e me programo para viver dentro daquilo que eu consigo só trabalhando como dermatologista”.
DICAS PARA ESTUDANTES?
“Não tenham medo de fazer dermatologia. Existe uma infinidade de formas de se trabalhar como dermatologista e nós precisamos de bons dermatologistas clínicos, estéticos e cirurgiões também. Existe espaço em qualquer lugar, basta trabalhar com amor e respeito ao seu paciente que consegue seu lugar no mercado e reconhecimento”.
COMO FOI SUA ESCOLHA?
“No 4º ano da faculdade estudei dermatologia e me identifiquei muito. As pessoas começaram a dizer que era minha cara, mas tive um pouco de resistência. Os colegas ficavam dizendo que dermato nem era medicina, aquelas brincadeiras que todo mundo já sabe. Até que no 6º ano peguei uma matéria opcional para passar 30 dias acompanhando um serviço de dermatologia e tomei a decisão”.